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Versos íntimos, de Augusto dos Anjos

Atualizado: 18 de mar. de 2022

A leitura desta semana é um poema de Augusto dos Anjos, poeta que já apareceu por aqui pelo blog em outra ocasião.


Devido ao uso de termos fortes e chocantes, alguns críticos da época consideravam seus versos como sendo de "mau gosto". Não há como negar a presença de uma divagação metafísica e de uma angústia existencial nos versos do poeta. Apesar de suas várias características estéticas, muitos teóricos recomendam que Augusto dos Anjos seja visto como um fenômeno isolado.


Boa leitura.



VERSOS ÍNTIMOS


Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão — esta pantera —

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!



E aí? Ficou com alguma dúvida? Fale conosco portuguesexperimental@gmail.com



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