Edigilson Albuquerque

12 de set de 20121 min

Soneto do Desmantelo Azul, de Carlos Pena Filho

Poema de um poeta recifense com um forte apelo pictórico. É uma boa leitura para começar o dia.

Soneto do Desmantelo Azul

Então, pintei de azul os meus sapatos
 
por não poder de azul pintar as ruas,
 
depois, vesti meus gestos insensatos
 
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
 
e aprisionar no azul as coisas gratas,
 
enfim, nós derramamos simplesmente
 
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
 
que no excesso que havia em nosso espaço
 
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
 
e vimos que entre nós nascia um sul
 
vertiginosamente azul. Azul.

(Carlos Pena Filho)

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